Ciumenta eu sempre fui. Tinha ciúmes das minhas amiguinhas, de quem brincava com a minha boneca mais que eu, de quem conversava muito tempo com o meu pai ou olhava demais para a mamãe. Ciumenta, possessiva, completamente suscetível a surtos psicóticos.
Mas medrosa? Logo eu que brincava com os meninos no recreio e disse aos 12 anos que queria mudar o mundo? Eu que briguei com a escola inteira pra defender um ponto de vista? Eu que não tive medo de admitir tantos amores, fossem como fossem? Ah não, medrosa eu não admito.
Quando foi que eu fiquei assim? Quando as coisas tomaram esse rumo e eu parei de acreditar no meu potencial? Eu sei que sei quando foi. Foi quando me machucaram muito e eu parei de acreditar que era boa, que podia ser mais pra alguém. Foi entre uma humilhação e outra que eu fiquei assim, medrosa. Com medo de todas, e qualquer uma, serem mais importantes. Medo de ser uma e haverem tantas outras, medo de ser enganada de novo. Medo. Mas valeu a pena chegar até aqui? Tanto tempo tentando encorajar pra ficar sem coragem nenhuma? É isso que eu levo depois de tanto tempo?
Não. Porque eu não me admito sentir medo. Não. Porque eu desprezo covardes e eu não quero me desprezar. Não. Porque ficou muito mais e eu sou muito mais.
Eu quero me amar calma e profundamente, intensa e descabeladamente. Eu quero me amar. E eu sei que você me ama também, louca, calma, profunda, intensa e descabelada. Eu sei que você me ama também e que você quer tirar meu medo de mim. E eu preciso me lembrar que você é diferente e você não vai me fazer chorar, se não de alegria. E eu preciso saber que finalmente eu sou mais pra alguém. Eu preciso saber que eu sou incrível.
E eu sou, não sou?
Nós somos incríveis debaixo dessa armadura de cobertor.
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